sábado, 16 de julho de 2016

Lesão Renal

Há várias classificações das lesões traumáticas de rim. Uma das classificações divide-os em lesões menores e maiores. As lesões menores correspondem a 85% dos casos de traumatismo renal e compreendem: •
Laceração mínima (córtex renal). •
Contusão (sem lesão do parênquima, avaliação por imagem normal). •
Laceração menor (córtex, medular, cápsula renal).

As lesões maiores representam 15% dos casos e compreendem: •
Laceração maior (córtex, medular, via excretora, cápsula renal).
Fratura renal (múltiplas lacerações menores e maiores). •
Lesões do pedículo



 Lesões mínimas como contusões ou pequenas lacerações do parênquima têm resolução espontânea e devem ser tratadas com repouso no leito e medicação sintomática. A deambulação só será autorizada quando cessar a hematúria macroscópica. As lesões maiores estão comumente associadas com hematomas intra e perirrenais e extravasamento de urina. Quando secundárias a traumatismo fechado geram dúvidas quanto ao seu tratamento inicial, se cirúrgico ou somente observação. Pacientes com estado geral preservado, estáveis hemodinamicamente, devem ser mantidos em repouso até o clareamento da urina. Antibiótico de largo espectro deve ser administrado e, se necessário, devem ser realizadas transfusões sangüíneas.


São indicações para exploração cirúrgica: •
Sangramento incontrolável. •
Lesões do pedículo renal. •
Presença de tecido renal não viável. •
Extravasamento urinário significativo. •
Ferimentos penetrantes  (abertos).

A correção da lesão renal deve obedecer aos seguintes princípios: •
Desbridamento do tecido desvitalizado. •
Hemostasia rigorosa. •
Sutura impermeável do sistema coletor. •
Evitar espaço morto. •
Drenagem da loja renal.

O tratamento cirúrgico da lesão renal é feito por via transperitoneal através de incisão mediana xifopúbica.

Esta abordagem permite a correção de lesões associadas de órgãos intracavitários, o controle do pedículo renal antes da abertura da fáscia de Gerota e a verificação in situ do rim contralateral. Tal verificação é de suma importância quando a instabilidade hemodinâmica do traumatizado impede o estudo radiológico antes da cirurgia. 

O controle das artérias renais, através da incisão do peritônio posterior, sobre a aorta antes da abertura da fáscia de Gerota, propicia uma taxa menor de nefrectomias. O parênquima lesado deve ser desbridado, e as lacerações graves de um dos pólos indica nefrectomia parcial. A abertura do sistema coletor deve ser reparada com sutura de categute cromado ou ácido poliglicólico (4 ou 5 zeros).
Nas reconstruções da via excretora — cálices, barcinete ou ureter — a drenagem deve ser realizada por nefrostomia ou por cateter ureteral do tipo duplo J ou similar. 
A ligadura de vaso intraparenquimatoso é realizada com pontos de fios categute cromado, ácido poliglicólico ou polidiaxone (4 zeros). 
Para evitar espaço morto, as bordas da lesão são reaproximadas sempre que possível com sutura de categute cromado 3 zeros, interessando também a cápsula renal. Se as bordas do ferimento forem muito distantes é aconselhável o fechamento da lesão com pontos separados de categute cromado 2 zeros, utilizando-se pequenos coxins de gordura sob os pontos e preenchendo o espaço morto com um retalho de omento  ou gordura perirrenal. 
Após a correção da lesão renal, a fáscia de Gerota é reaproximada e é introduzida drenagem por drenos de Penrose ou de sucção. Extensas fragmentações do parênquima dificilmente podem ser tratadas de outra maneira que não a nefrectomia. 

São complicações do traumatismo renal: hemorragia, fístula urinária, urinoma, pseudocisto, abscesso, atrofia renal, fístula arterio-venosa e hipertensão arterial. 


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